sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

"Família, família..."


Família

Três meninos e duas meninas,
sendo uma ainda de colo.
A cozinheira preta, a copeira mulata,
o papagaio, o gato, o cachorro,
as galinhas gordas no palmo de horta
e a mulher que trata de tudo.

A espreguiçadeira, a cama, a gangorra,
o cigarro, o trabalho, a reza,
a goiabada na sobremesa de domingo,
o palito nos dentes contentes,
o gramofone rouco toda a noite
e a mulher que trata de tudo.

O agiota, o leiteiro, o turco,
o médico uma vez por mês,
o bilhete todas as semanas
branco! mas a esperança sempre verde.
A mulher que trata de tudo
e a felicidade.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e Prosa.
Rio de Janeiro: Aguilar, 1978.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Utopia? Jamais!

"Em uma sociedade em que há tantos 'demolidores', educar é, sobretudo, restaurar a alma das pessoas." Marcio Kühne

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Poesia para refletir


"Ainda bem que sempre existe outro dia. E outros sonhos. E outros risos. E outras pessoas. E outras coisas." 
(Clarice Lispector)

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Pensamento...

"O que vale é o que importa."
                                  (Glayfson S. da Rocha)

Frase escolhida pelos alunos da 2ª série A, da Escola Estadual Zila Mamede.

Texto de estudo


Faxina geral

            Há muitas coisas boas em se mudar de casa ou de apartamento. Em princípio, toda e qualquer mudança é um avanço, um passo à frente, uma ousadia que nos concedemos, nós que tememos sempre o desconhecido. Mudar de endereço, no entanto, traz um benefício extra. Você pode estar se mudando porque agora tem condições de morar melhor, ou, ao contrário, porque está sem condições de manter o que possui e necessita ir para um lugar menor. Em qualquer dos dois casos, de uma coisa ninguém escapa: é hora de jogar muita tralha fora. E, se avaliarmos a situação sem meter o coração no meio, chegaremos a um previsível diagnóstico: quase tudo o que guardamos é tralha.
            Começando pelo segundo caso, o de você estar indo pra um lugar menor. Salve! Considere isso uma simplificação da vida, e não um passo atrás. Não haverá espaço para guardar todos os seus móveis e badulaques. Se for muito sentimental, vai doer um pouquinho. Mas não é crime ser racional: olhe que oportunidade de ouro para desfazer-se daquela estante enorme que ocupa todo o corredor, e também daquela sala de jantar de oito lugares que você só usa em meia dúzia de ocasiões especiais, já que faz as refeições do dia-a-dia na copa. Para que tantas poltronas gordas, tanta mobília herdada, tantos quadros que, pensando bem, nem bonitos são? Xô! Leve com você apenas o que combina e cadê na sua nova etapa de vida. O que sobrar, venda, ou melhor ainda: doe. Você vai se sentir como se tivesse feito o regime das nove luas, a dieta do leite azedo, ou seja lá o que estiver na moda hoje para emagrecer.
            No caso de você estar indo para um lugar maior, vale o mesmo. Aproveite a chance espetacular que a vida está lhe dando para exercitar o desapego. Para que iniciar a vida com coisa velha? Ok, você vai a fundo de caixa e não sobrou nada para decoração, compreende-se. Pois leve seu fogão, sua geladeira, sua cama, seu sofá e o imprescindível para não dormir no chão. Pra começar, isso basta. Coragem: é hora de passar adiante todas as roupas que você pensa que vai usar um dia, sabendo que não vai. (...) Tudo isso e mais o que você esconde no armário de dependência de serviço. Vamos lá, seja homem.
            Caso você não esteja de mudança marcada, invente outra desculpa qualquer, mas livre-se você também da sua tralha. Poucas experiências são tão transcendentais como deixar nossas tranqueiras pra trás.


Martha Medeiros. Doidas e santas. p. 11 e 12.